Respeito e valores do esporte co-irmão do futebol, o rugby

Respeito e valores do esporte co-irmão do futebol, o rugby

Nossa entrevista da semana foi com o representante da bola oval em Mogi das Cruzes, Vandão Miranda, o capitão do time adulto do Alto Tietê Rugby

Esta semana recebemos um representante de outra modalidade esportiva em nossa entrevista semanal, Wanderson Miranda, mais conhecido como Vandão, do Alto Tietê Rugby.


Como foi seu primeiro contato com o rugby?
Meu primo já treinava no Alto Tietê Rugby e me convidou para participar de um treino, isso foi em janeiro de 2010. Vi que precisava ajudar fora de campo e comecei a ajudar também nos bastidores e no fim de janeiro de 2010 com a fundação oficial do ATR,  fui convidado para fazer parte da diretoria. Meu primeiro contato com a modalidade foi por assistir os jogos de meu primo, onde comecei a prestar mais atenção ao rugby e mudei o  preconceito que tinha antes, desde que comecei a treinar nunca fiquei longe e em 2013 fui eleito o capitão do time adulto, o qual sou até hoje.

O que te chamou atenção na modalidade?
Em primeiro lugar a ideia de ter espaço para todo biotipo de pessoa, cada um tem sua função, é um esporte mais democrático. Me chamou a atenção também os valores do rugby, o amor pelo time, o respeito aos juizes e dos juizes, é um esporte mais leal e apesar de ter muito contato físico, ele possui características que se perderam nas outras modalidades. O ATR também serve como uma opção de lazer e uma ferramente de inclusão, fazemos muitos amigos e se tornou uma nova família.

Como é a aceitação do rugby atualmente?
Mudou muito, no inicio a maioria das matérias que participamos era tentando mostrar o que era o esporte e hoje já é mais popular no país e na cidade. A tv também passou a mostrar mais os jogos ajudando bastante. As pessoas já sabem o que é o esporte, as crianças nas escolas que visitamos já conhecem, a exposição na tv aumentou depois que se tornou um esporte olímpico.

O Alto Tietê Rugby também faz um trabalho de divulgação da modalidade na região?
Somos os representantes oficiais na região do Projeto Polo da Confederação Brasileira de Rugby. Temos parceria com 10 escolas entre particulares e estaduais no qual ajudamos com treinamento específico para os professores de educação física destas escolas e com o fornecimento de materiais para os treinos e bolas. Este trabalho é uma forma de incentivo à pratica do rugby através da modalidade tag. Também temos periodicamente cursos de coaching, gestão e arbitragem em conjunto com a Confederação, com a participação de outros times e de professores de educação fisica interessados na modalidade. Em 2015 fizemos um festival no Vila Santista com o apoio da Confederação Brasileira de Rugby que  contou com mais de 200 crianças das escolas que temos parceria.

Pensando no futuro vocês estão começando a montar o time da categoria juvenil
Nosso foco passou a ser o juvenil pois queremos dar continuidade ao time, queremos deixar uma estrutura montada para o futuro. Queremos ter um lugar melhor para podermos treinar, atualmente treinamos no Centro Esportivo do Socorro com permissão da Secretaria de Esportes, já estamos lá a 6 anos aos sábados, mas durante a semana não temos local fixo. Durante a semana nós na categoria adulto alugamos algumas quadras e também treinamos em praça pública, e é esta dificuldade de local que impede no momento de ter treinos juvenil durante a semana. Infelizmente esta falta de estrutura acaba freando o nosso crescimento.

Qual o número de atletas que o ATR tem atualmente?
Na categoria juvenil são entre 15 a 20 atletas, participamos na categoria seven e no futuro queremos mudar para a categoria 15. No feminino temos por volta de 20 atletas e também jogamos na mesma categoria de seven. No adulto temos 35 atletas, neste ano teremos 3 que subiram do juvenil e já estão treinando junto com o adulto e vão participar pela primeira vez do Campeonato Paulista de Acesso. No juvenil por enquanto estamos participando apenas de amistosos.

Onde o ATR manda seus jogos nos campeonatos?
Nossos jogos nos campeonatos tem acontecido no Centro Esportivo de Biritiba Ussú, somos muito bem recebidos lá mas o local é de difícil acesso, principalmente em épocas de verão pois o congestionamento dificulta o acesso. Queremos um local mais centralizado, com campo maior. Teve uma época em que treinávamos no Centro Esportivo da UMC, era o melhor local  com espaço muito bom, vestiários, a localização, chegamos a deixar o H, traves do ruby, fixos, chamávamos o local de Toca do Cachorro, que é o simbolo do time. Com a estrutura que tínhamos conseguimos vários novos atletas.

Como é a estrutura na ATR?
O Rômulo é o treinador do feminino e jogador do adulto masculino, Juba é o presidente e eu, Vandão, sou o capitão do adulto. Nossa base continua junta a aproximadamente 4 anos, alguns infelizmente tiveram que sair por questões profissionais ou familiares, mas o rugby também serve como uma ótima opção de lazer.

Quais dificuldades os novos atletas apresentam?
O rugby é muito semelhante ao futebol, a dinâmica é muito parecida, a dificuldade maior é entender o passe para trás, no rugby andamos para frente e passamos para trás. O esporte tem muito contato físico, os treinos tem maior intensidade, fazemos treinos de tração, explosão, treinamos cada um dentro de sua posição. Quem vem de outras modalidades acaba tendo facilidade, já tem um preparo físico diferente e em um mês já se adapta. No rugby temos lugar para o gordo e também para o magro, desde que a pessoa queira praticar esporte e não ser sedentária. Os treinos são separados em partes, os novos vão entrando aos poucos. Alguns exercícios são feitos juntos mas tem o momento que exigem esta separação.

O rugby possui valores diferenciados no esporte, quais são eles?
Os valores do rugby são o respeito ao treinador, ao adversário, não temos lugar para estrelas, com isso passamos a ser mais pessoas de grupo, temos atletas de 16 até 45 anos, que treinam e jogam juntos. Como a intensidade do jogo é maior, entramos para deixar o máximo dentro de campo, saímos de campo muito cansados mas também satisfeitos. Praticamos o jogo limpo, com mais lealdade e sem agressão, qualquer provocação descontamos tentando fazer mais um try.

Quais os equipamentos básicos do rugby?
Os equipamentos básicos são o protetor bucal e chuteiras. Os outros são opcionais como o scrum cap, que é o capacete utilizado pelo Petr Cech, bandagem, shoulder. Como o contato é mais próximo os uniformes são mais curtos dificultando que o adversário se agarre nas jogadas.

Esta visita ao Atlético Bandeirante (CAB), foi o primeiro contato mais próximo com o futebol que vocês tiveram?
Foi a primeira vez que tivemos esta atividade com um time de futebol, já tínhamos visitados ONGs e projetos especiais. Ficamos muito felizes pelo convite e pela oportunidade de divulgar mais o esporte. Gostamos do interesse dos atletas e em 5 minutos de prática já estavam rindo e se divertindo. Quanto mais difundido for a modalidade mais adeptos teremos. Também acho muito importante ter este intercâmbio com outras modalidades pois o rugby tem um pouco de cada uma delas, temos o chute, drible e corrida do futebol, arremesso do basquete, passe do handbol. Nos locais que visitamos as crianças demonstram muito interesse pela história do rugby, pela jogada de lateral e pelo formato da bola, eles acham que ela é mais dura e depois se surpreendem com o primeiro contato.

Como são as visitas às escolas?
Os diretores e professores gostam pelos valores do rugby que são colocados em prática, não só da atividade física, são valores que ajudam a desenvolver os jovens com mais lealdade e espirito coletivo. 

Quais são os melhores caminhos para conhecer o rugby mais a fundo?
Ainda tem gente que confunde o rugby com o futebol americano, a comparação é inevitável. Recomendo a não terem como base os vídeos do Youtube pois existem alguns que são de jogadas desleais de atletas que chegaram até a ser banidos do esporte. Procure sempre os órgãos oficiais como a Confederação Brasileira de Rugby, os times mais próximos de sua cidade, temos o hábito de sempre o clube estar aberto para receber os interessados, não somos um grupo fechado.

E o time feminino?
Nosso time feminino existe a 2 anos, começou com o interesse das irmãs e namoradas dos atletas, agora aparecem meninas que já viram algo sobre o time, alguém que leu a respeito. Nosso time feminino já participa de campeonato de seven e muitas das atletas já demonstram interesse em se envolver na parte administrativa da ATR. Também temos várias atividades que são feitas em conjunto de todas categorias, fazemos todo ano o Churrasco da ATR, o Arraiá ATR e a Festa de St Patrick. Procuramos manter a convivência de todas categorias juntas fora de campo, nossa Familia ATR.

Por: Emerson Oliveira (FutebolMogiano.Com.br)
Em 11/03/2016

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